Ele e Ela.

Eles não eram namorados, também não eram amantes, jamais teriam um caso, diziam ser amigos, bons amigos.

Ela, era passional, sempre vendo o lado positivo das coisas e pessoas, sempre perdoava, sempre dava uma chance,estava sempre disposta a colorir o que estava em preto e branco.

Ele era pé no chão, realista, maduro e seguro quanto as decisões que tinha de tomar, não se arrependia daquilo que fazia e era um ótimo amigo, gostava de bossa nova, assim como ela, e adorava clássicos de cinema, o que a deixava impaciente, porque adorava efeitos especiais.

Eles eram quase inseparáveis, gostavam de sair juntos, viajar, ir ao teatro cinema, eram cúmplices, tinham muito carinho um pelo outro, mas nunca pensaram em dividir a mesma cama, jamais haviam se tocado com malícia, jamais se olharam diferente.

Ele não perguntava dos casos dela, ela, adorava saber dos dele, diziam procurar a pessoa certa que os completasse, sem perceber, se completavam, um feito de dois.

Pensavam no presente, nunca no passado e planejavam o futuro, o mais engraçado, é que nesses planos futuros, estavam sempre juntos.

Numa noite de sábado, que podia ser mais uma qualquer e não foi, regada de muita tequila e muitas piadas, histórias banais...Talvez usando a bebida como desculpa, permitiram se conhecer melhor, se tocaram, se abraçaram, beijaram-se na boca,e sentiram desejo, muito desejo um pelo outro.

Efeito do alcóol ?Podia ser, mas aquilo tudo parecia perfeito, era o encaixe perfeito.O cheiro da pele dele, misturando-se com o cheiro dela, era a fragrância perfeita,o beijo era perfeito, daqueles que te arrebata e te enlouquece, fazendo você querer mais. Abraços apertados, sussurros, gemidos, entre laços e embaraços tiveram a noite mais embaraçosa e perfeita que já viveram...Tudo parecia um sonho, talvez por isso foi tão estranho acordar de manhã.

Embolados, entre braços e pernas, se olharam por alguns instantes, não sabiam o que dizer, então não disseram nada, mas ela sorriu.Não estavam arrependidos, não deviam nada á ninguém, pensou ele, mesmo assim havia um sentimento de culpa, um sentimento que os amedrontava que era bom e ruim ao mesmo tempo.Á quem teriam traído?

O que seriam deles agora, iriam namorar?Iriam continuar amigos ou nasceria algo mais?Eles sabiam todos os segredos um do outro, como ficaria a relação?E tiveram as mesmas questões, mas não trocaram uma palavra.

Apenas vestiram-se e sorriram um para o outro e foram trabalhar.

Dias se passaram, ela quis ligar, ele quis ir até seu apartamento, ela pensou em mandar uma mensagem, ele pensou em fazer tudo de novo, ela chorou com medo de perde-lo, ele só queria sentir aquilo novamente. Mas pensou, agora, não poderiam mais ser amigos, já não sentia só carinho inocente, agora, sentia desejo, ele sentia falta do cheiro dos cabelos dela sobre seu peito.

Se encontraram num dia qualquer, não tocaram no assunto, fingiram que nada havia acontecido, sentiu ciúmes quando ao atender o telefone ela disse "não querido, claro que vou",.Ela queria conversar, ele a ignorou alegando pressa.Ela insistiu que se falassem mais tarde, ele tocado por um ciúme infantil, disse que ligaria de volta, ele não ligou, teve medo daquele sentimento que sentira á tarde, ela tentou três vezes, ele não atendeu, ela desistiu. Ele não saia mais de casa, ela decidiu seguir em frente, ele descobriu que estava apaixonado pela melhor amiga, ela sentiu que nunca devia ter feito sexo com seu melhor amigo.

Mas ambos pensaram a mesma coisa, que o sexo havia estragado tudo.

Ele achou melhor esquecê-la, ela achou que ele viria procurá-la.

Eles foram cada um para seu lado e eram lado opostos.
Agora ele era somente ele, ela nunca se sentiu tão ela.

Descobriram que na vida, não se pode fazer muitos planos, porque ela pode te pegar de surpresa.
Viveram a angústia de voltar a ser unidade, quando já haviam se acostumado a ser, um, feito de dois.

Mas, a vida tem dessas coisas.