Silêncio...

Tamanha era sua vontade de falar, mas não maior que seu medo de usar as palavras erradas e parecer incorreta, fútil, sem graça... Ficava então, á gritar em seu silêncio.
Preferia não comentar, preferia observar, mas, em seu pensamento, se colocava diante de diversas situações e na sua fantasia, se impunha, falava, discutia, gritava, lutava com as armas do argumento e ali não achava que o silêncio era melhor opção...
Em sua fantasia não era covarde e não se omitia em gritar somente no pensamento.
Tantas vezes permaneceu calada, tantas idéias e sentimentos foram desperdiçados, guardados dentro de si que a sensibilidade transformou-se numa cruel armadura daquele que não demonstra seus sentimentos e nem verbaliza sua opinião... Sobre o amor, sobre a dor... Sobre nada... E no nada se perdeu.
Foi morrendo aos poucos, pois a cada vez que em silêncio ficava ao invés de expressar sua opinião, matava um pouco de si, e deixava de acreditar em pessoas, em mudanças que através de ações causam mudanças... porque não tinha coragem de agir e dizer que não, não estava feliz, não estava satisfeita, não estava á vontade...de dizer qualquer coisa pra se ouvir, se rever e sentir-se viva...
Preferiu suicidar-se no seu próprio silêncio fazendo de sua vida um filme mudo, calando-se, omitindo-se e deixando de expressar o que sentia, se entregou ao quem cala consente e, nunca mais foi si mesma, pra não desagradar os outros, pra não parecer inconveniente, pra não parecer rebelde...calou-se pra evitar desavenças devido as diferenças de ponto de vista e sofreu a vida toda...
Entendeu que calar-se evitava muitos males, menos sentir dor...e gritou pedindo ajuda, mas ninguém ouvia seus pensamentos.

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