Felicidade Instantânea.

Sentada com o queixo apoiado nos joelhos, sendo iluminada por um faixo da luz do sol que adentrava a janela ao fim da tarde, a menina com uma cara entristecida, confessa a melhor amiga o desconforto que passara á volta do trabalho pra casa, ao encontrar um velho amigo seu, conhecedor de um passado, do qual nem se pegava a recordar..."Parecia ele estar a falar com outra pessoa que não fosse eu...Porque a medida que ia relatando as ocasiões, á mim, não parecia"... Sentindo não ser mas a mesma, com um certo saudosismo suspirou.


Deixa de ser boba, és a mesma pessoa, só lhe mudaram as atitudes, disse a amiga tentando confortar a outra.Você amadureceu, como todos que envelhecem.



Eu fazia tantas coisas erradas julgando certas, hoje faço tantas certas, corretas , mas ainda sim, sinto estar errando.Parece ter outra de mim, será que era feliz de verdade? Bem, pareceu-me fazer muito esforço pra ser... tantas loucuras, aventuras e romances superficiais, eu era mais divertida? Era louca de não me arrepender e estar sempre a repetir? Era egoísta por só fazer aquilo que me satisfazia, mesmo sabendo ser inconsequente de minha parte? Por que não me
aconselhou a ser menos impulsiva e mas responsável?
Porque não me repreendeste?Será que não via?


Porque, de nada adiantaria, não dava ouvidos a ninguém, disse a amiga em tom de ironia.Era uma menina e jovem, sendo jovens, temos o direito de errar, é assim que aprendemos.



Ele falou daqueles tempos e, eu me vi tão rebelde, impulsiva, cheguei a ser cruel por me amar tanto, porque fiz muitos sofrerem, pra me ver feliz! Disse a outra olhando nos olhos, tinha fome de viver cada segundo, sorriu ao lembrar dos devaneios cometidos pela outra, antes tinha gana de viver, uma pressa de chegar...Aproveitou cada época, cada tempo, cada beijo dado ou roubado, toda palavra teve uma ação, as atitudes uma reação, apenas viveste do modo que lhe julgava certo, porque lamenta e se envergonha?Disse a outra se aproximando e tocando-lhe os ombros.



Lamento, tinha fome de viver, talvez hoje não exista mais, a vergonha é de hoje me satisfazer das felicidades alheias, vivendo de migalhas, antes, se me viesse a tristeza, em três minutos fazia tudo para ser feliz, permitindo experimentar todo tipo de coisa, de gosto e de pessoas, como se estivesse a fazer miojo, três minutos para alimentar-me de vida, com um tempero de liberdade e emoção, riu brevemente... À amiga, carinhosamente á abraçou,igual miojo, felicidade instantânea, exclamou sorrindo ao lembrar-se do passado que a tanto tempo guardado estava.



A outra com os olhos tristes e já lacrimejantes, fixando o olhar para parede branca do quarto claro que, no momento transformou-se em escuro, respondeu com uma voz estremecida, falha, de quem não segurará o choro, melhor do que não ter fome de viver, não possuindo felicidade alguma, mas breve que possa parecer...E a lágrima caiu
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